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Borbulhamento

Atualizado: 9 de set.

Quando o corpo fala em pequenas euforias

 


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Borbulha dentro de mim,

qual leiteira em ferverdura,

algo que ainda nada virou:

nem tristeza derramada,

nem raiva explodida,

nem alegria a ser liberada,

nem palavra ao vento bem soltada.

(Fe Matos)



Às vezes, antes mesmo de sabermos o que estamos sentindo, algo se move silenciosamente por dentro. É uma sensação fluida, viva e efêmera, como um arrepio interno, uma ondulação suave; como se pequenas bolhas subissem do ventre ao peito, sem direção fixa, apenas sinalizando vida. Essa sensação que muitos descrevem como “borbulhamento” é uma das expressões somáticas mais sutis da emoção em nascimento.


Borbulhamento pode ser o primeiro indício de alegria, tesão, esperança, nervosismo, raiva ou até medo. É corpo se preparando, aquecendo, despertando. Por isso, é tão ambíguo: pode anunciar tanto um reencontro quanto uma despedida; tanto uma paixão quanto uma ansiedade; tanto leveza quanto agitação.


Escutado e acolhido com presença, o borbulhamento pode ser bússola. Um prenúncio do novo. Ao contrário, se desprezado pode virar incômodo, hiper vigilância, impulsividade, insônia e/ou dificuldade de concentração.

 

A palavra borbulhamento vem de “borbulhar”, que por sua vez tem origem onomatopeica, imitando o som da água ao ferver ou de um líquido em ebulição. O termo é influenciado por “burburinho” e “borbotar”, que vêm do latim vulgar burbulliare, uma forma popular derivada do latim clássico bullire, que significa “ferver”, “produzir bolhas”.


Assim, borbulhamento carrega, em sua raiz, o sentido de agitação interna, de energia que sobe à superfície, de algo que começa a emergir com vida própria. E como metáfora, pode indicar o início de algo novo: ideias que se formam, sentimentos que se aquecem, desejos que despertam.

 

Frases de Pacientes:


“Senti um frisson no estômago.”

“Tava me coçando por dentro, como se algo quisesse sair.”

“Meu corpo parecia vibrar levemente.”

“Era um friozinho bom na barriga.”

 


Na linguagem corporal, esse borbulhar nos remete a pequenos movimentos ascendentes, muitas vezes espontâneos, sutis, imperceptíveis a olho nu, mas poderosamente registrados pelo sistema nervoso como uma pré-expressão emocional. Borbulhar é como o instante em que o leite começa a ferver: nada ainda transbordou, mas algo já se move em direção à mudança.


Na fisiologia, o borbulhamento pode ser associado a: ativação do sistema nervoso autônomo, especialmente o ramo simpático luto-fuga; sensações viscerais ligadas ao intestino, onde há muitos neurônios; vibrações musculares finas, muitas vezes inconscientes; micro movimentos da respiração, diafragma e região pélvica.


Na Experiência Somática, essa sensação é um sinal de que a energia está circulando, desbloqueando-se após congelamentos ou colapsos anteriores.


Já na Psicologia Junguiana, pode ser vista como o surgimento de um conteúdo inconsciente à beira da consciência, uma imagem emocional buscando forma.


O borbulhamento também é frequente em processos migratórios ou grandes viradas da vida: mudar de país, começar um novo romance, decidir um rompimento, encarar um desafio. Em todos esses momentos, o corpo “sabe” antes da mente que algo está prestes a acontecer.


Imagine uma mulher à espera de uma resposta de trabalho que pode mudar sua vida. Ela está quieta, sentada, mas por dentro... borbulha. O peito parece vibrar, o abdômen se aquece e a respiração acelera levemente. Esse borbulhar não é exatamente medo, nem só alegria. É antecipação.

 

Deixo aqui para você algumas perguntas-reflexão:

  • Quando foi a última vez que você sentiu borbulhar por dentro?

  • O que estava prestes a nascer ou mudar naquele momento?

  • Você permitiu que a sensação florescesse ou tentou abafá-la?

  • Que parte de você começa a borbulhar quando se apaixona, cria, sonha?

 

E caso queira dicas práticas de como lidar com borbulhamentos, sugiro:

  • Pause para observar quando sentir esse movimento interno, em vez de reagir de imediato. Perceba se flui de um lugar a outro, aumenta, diminui ou desaparece quando você o escuta.

  • Registre no corpo: onde o borbulhamento aparece? Qual sua temperatura, textura, direção?

  • Crie: desenhe, dance, escreva, dando forma, espontaneamente e sem julgamento, ao que borbulha em você.

  • Nomeie: busque palavras, imagens ou símbolos que expressem o que está nascendo.

 

Deixar-se borbulhar não significa deixar-se fritar.

 

Se puder, não silencie o borbulhar. Ele talvez esteja apenas tentando dizer: “Você está viva. E algo lindo está prestes a acontecer.”


Se desejar ampliar o caminho de autoconsciência mental e corporal, siga os artigos das categorias Dicionários das Emoções e Dicionários das Sensações. E se tiver sugestões de palavras que queira ver aqui descritas, deixe sua dica nos comentários.


Cuide-se bem, Fe.

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4 comentários

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Glaucia Padial
Glaucia Padial
02 de set.

Ainda estou iniciante nesse escutar interno. Foram 51 anos bem vividos dos quais eu só vivenciava meus pensamentos. Vou ficar atenta para o meu borbulhar consciente! Gratidão Fe!

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Fe Matos
Fe Matos
03 de set.
Respondendo a

É bom né a gente aprender escutar o corpo também. Eu também estou aprendendo... e me sinto mais viva! Que bom que você está aberta também. Fico feliz bjim

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Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Que delícia de fotografia de uma situação tão visceral em nós. O melhor de tudo é conhecer esse borbulhar e sentir-se vivo e com arrepios na alma. Obrigada Fernanda. Bj

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Fe Matos
Fe Matos
02 de set.
Respondendo a

Obrigada pelo seu comentário. Fico muito feliz em contribuir! E obrigada põe compartilhar. Um beijo.

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