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Aperto

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angústia e o medo se apresentam antes no corpo do que no pensamento. Eles se mostram assim: apertados.


A sensação de aperto é uma das formas mais comuns de manifestação do desconforto emocional no corpo. Pode surgir como um laço que encolhe o peito, um nó que trava a garganta, uma pressão que empurra o estômago para dentro, ou uma tensão que fecha o ventre como uma porta trancada.


Na linguagem sensoperceptiva, o aperto é uma contração defensiva. Uma maneira do corpo dizer "estou em alerta" ou "estou tentando segurar algo que não pode sair". É o abraço que faltou e o medo que ficou. O que não pôde ser dito, chorado, expresso, muitas vezes se torna aperto físico e psíquico.


Etimologicamente, "apertar" vem do latim apertare, intensivo de apprimere: "comprimir, pressionar, oprimir". Ou seja, há força, insistência, e também um certo desespero no gesto. Aperto é tanto aquilo que sentimos quanto o que fazemos. Apertamos os olhos para não chorar. Apertamos os lábios para não gritar. Apertamos os dentes para não brigar. Apertamos o peito para aguentar.


Na experiência clínica, escuto relatos assim:


"Sinto um aperto no peito quando penso em deixar minha terra."

"A garganta fecha, como se uma voz ficasse presa, apertada dentro de mim."

"É como se alguém estivesse sentado sobre meu estômago apertando ele."

"É uma pressão apertada no útero, como se eu carregasse algo morto ali."

"Meus dentes se apertam tanto que parece que vou me morder."


Na Traumaterapia, especialmente na abordagem da Experiência Somática, o aperto costuma ser sinal de que o sistema nervoso está em estado de congelamento ou hipervigilância. O corpo está tentando conter um impulso de fuga, de ataque, de choro, de expressão. Quando acolhemos o aperto com presença e lentidão, ele muitas vezes se transforma. O corpo quer seguir seu ciclo, mas foi interrompido. O aperto é esse grito suspenso querendo se libertar.


Na Psicologia Junguiana, o aperto pode ser lido como símbolo do conflito entre o ego e a alma. Algo em nós quer expandir, mas há um conteúdo inconsciente (pessoal ou coletivo) dizendo que não é seguro. O resultado é o encolhimento simbólico. Como se o Self estivesse chamando para uma travessia, mas a persona não conseguisse se mover. Muitos casos de não expansão profissional e/ou pessoal está associado a este "aperto de viver".


Em contextos migratórios, o aperto é ainda mais recorrente: aperto no peito ao se despedir dos familiares no aeroporto; aperto no estômago antes de uma entrevista em outro idioma; aperto na garganta ao ouvir a música que tocava na infância; aperto nos ombros pela tentativa constante de dar conta de tudo, sozinho(a), em outro país. O corpo se encolhe para proteger o que é essencial: identidade, afeto, pertencimento.


E finalmente, quando um casal passa por uma fase desafiante na relação, o aperto além de poder ser tudo o que foi dito acima, pode indicar medo de perderem um ao outro ou de se perderem no outro. Trata-se novamente do temer perder a identidade, o amor e o lugar íntimo de pertencimento social.


Aconselho que você se auto observando, faça alguns questionamentos:

  • Onde habita meu aperto, agora?

  • Estou apertando algo para não sentir ou para não explodir?

  • Se o aperto falasse, o que ele diria?


Caso queira dicas de práticas de como lidar com apertos, sugiro:


  • Respirar com foco na região do aperto, permitindo micro-movimentos a partir dali.

  • Apoiar a mão na região contraída e dizer: "eu te vejo".

  • Escrever uma carta para a parte que está apertada.

  • Praticar o sons vogálicos que ressoam: Aaaaa (coração), Eeeee (garganta), Uuuuu (ventre) e deixá-los vibrar.


Nem todo aperto é prisão perpétua.


Às vezes, é só o corpo tentando proteger o que ainda não cicatrizou.

E quando você escuta com cuidado e constância, ele afrouxa pouco a pouco.

Porque ser acolhido também alivia.


Para aprender mais, leia os artigos da categoria "Sintonia Silenciosa" que contemplam mais exercícios de regulação.


Porém, caso você sozinho(a) não esteja conseguindo soltar os seus apertos, não hesite em procurar ajuda profissional.


E, você sabe, eu estou por perto, agenda sua consulta, bora deixar a vida fluir, afinal, só abraços apertados que são gostosos e nem por tanto tempo também.


Cuide-se bem,

Fe

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8 comentários

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O bom da Fernanda é que ela traz detalhes sobre o que acontece com o nosso corpo por conta da mente, o que nos torna até mais compreensível e acolhedora com nós mesmos, para então com um pouco de consciência e entendimento saber que "opa, neste momento preciso de ajuda profissional!".


Impossível não amar minha psicóloga!

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Fe Matos
Fe Matos
11 de jul.
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Linda é você! Sempre investida em aprimorar-se. Agradeço suas palavras, e por você participar desse novo desafio do blog. Toda terça, um novo artigo! Aguarde e comente sempre que puder, bjim

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Du Carmo Mendes
Du Carmo Mendes
08 de jul.

Texto leve e profundo. Gostoso de ler. Ideal para encaminhamos a pessoas que vemos que precisam reconhecer seus "apertos", para se libertarem deles.

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Fe Matos
Fe Matos
08 de jul.
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Duca que bom que gostou. Essa é uma das ideias, ajudar as pessoas a reconhecerem as sensações corporais, porque é um primeiro passo de cuidados.

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Érica Lobo
Érica Lobo
08 de jul.

Minha opinião:

O aperto vem para nos lembrar que somos humanos — que sentimos, que nos importamos, que precisamos de tempo e de afeto. E tudo bem sentir. Porque é nesse aperto que também nasce força, cura e recomeço. Sou sua fã Fê!!!

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Fe Matos
Fe Matos
08 de jul.
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O aperto que vem é vai embora tem mesmo essa qualidade... o aperto que vai ficando é que precisa de olhar especial e mais cuidado. Obrigada por compartilhar sua visão. Venha sempre!

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Sempre muito gentil na abordagem e possibilidades de diálogo com o desconforto. Muito bom

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Fe Matos
Fe Matos
08 de jul.
Respondendo a

Que bom que percebeu essa busca de desapertar um pouco os apertos. Obrigada!

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